Artigo de opinião do Professor Doutor Rodrigo Leão – Secretário-Geral do Núcleo de Estudos de Prevenção e Risco Vascular da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
O Dia Mundial Sem Tabaco comemora-se todos os anos no dia 31 de maio. Esta é uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) que tem como objetivo consciencializar a população para os efeitos prejudiciais do seu uso e da exposição a fumo passivo.
Atualmente, mais de um bilião de pessoas fuma e, pelo menos metade, morrerá prematuramente devido a complicações relacionadas com o tabaco. Estima-se que por cada 0,8-1,1 milhões de cigarros fumados, são causadas 7 milhões de mortes por ano e, de acordo com dados da OMS, cerca de 1,2 milhões de mortes são por exposição ao fumo passivo.
Relativamente a Portugal, segundo os dados do último Inquérito Nacional de Saúde de 2019, 16,8% da população que vive em Portugal continental com 15 ou mais anos era fumadora e, de acordo com o Institute for Health Metrics and Evaluation, em 2019 morreram, em Portugal, mais de 13.500 pessoas por doenças relacionadas ao consumo de tabaco.
O tabaco é prejudicial à maior parte dos órgãos, sendo um fator de risco importante para o desenvolvimento de neoplasias. Apesar de a nicotina não causar cancro, pelo menos 69 substâncias químicas presentes no fumo do tabaco são cancerígenas, como por exemplo alcatrão, cádmio, chumbo, polónio 210, carbono 14, entre outras. O tabagismo é em si responsável por pelo menos 30% de todas as mortes por cancro.
Para além de cancro do pulmão, o tabaco também causa outras doenças pulmonares como bronquite crónica e enfisema, podendo intensificar os sintomas de asma em adultos e crianças, aumentando a suscetibilidade a infeções respiratórias.
Relativamente à doença cardiovascular, o tabaco aumenta substancialmente o seu risco, nomeadamente de acidente vascular cerebral, doença coronária, doença vascular periférica e aneurismas. Esta patologia é responsável por 40% de todas as mortes relacionadas com o tabaco.
Parar de fumar resulta na melhoria imediata da sua saúde. As estatísticas de sobrevivência indicam que parar de fumar resulta na reparação de grande parte dos danos pulmonares causados pelo fumo do tabaco ao longo do tempo e, consequentemente, parte ou toda a esperança de vida perdida pode ser renovada.
Por tudo isto, pela sua saúde e pela saúde de todos, não fume!