Entrevista retirada do site indice.eu a 13 de fevereiro de 2023, a pedido da Associação de Pessoas com Dor
A Força 3P – Associação de Pessoas com Dor acaba de ser criada a tem como objetivo promover o conhecimento e compreensão da problemática da dor crónica, que, em Portugal, afeta 37 por cento da população, disse a sua presidente, Alexandra de Oliveira.
“Não havia nenhuma associação a nível continental direcionada para pessoas com dor crónica, sendo uma necessidade não só para os doentes, mas para os familiares, os cuidadores e os amigos que os rodeiam”, afirmou.
A associação, sem fins lucrativos, foi criada em dezembro de 2016, mas só esta semana foi apresentada publicamente, no Porto, traçando a “paciência, persistência e positividade” como sentimentos fundamentais para lidar com a dor crónica.
Alexandra de Oliveira frisou que a “dor não se vê, a dor sente-se”, afetando os doentes no “seu todo”.
“A dor provoca alterações emocionais, físicas e profissionais, situação ainda não totalmente entendida pela sociedade”, referiu.
Por esse motivo, a Força 3P quer divulgar esta problemática através de campanhas e ações de sensibilização, contribuir no apoio social e na humanização da assistência às pessoas com dor e familiares, explicou.
Outros dos objetivos da associação é impulsionar estilos de vida saudáveis, incentivar à prática de exercício físico, participar em reuniões ministeriais e estabelecer parcerias com outras instituições.
“O que queremos é melhorar a qualidade de vida das pessoas com dor crónica porque ninguém tem dor porque quer, mas sim porque sente”, realçou.
A responsável falou ainda na necessidade de cada hospital do país ter uma unidade da dor e ter médicos especializados e sensibilizados para a dor crónica, assim como a importância de aumentar a comparticipação dos medicamentos.
O Plano Estratégico Nacional de Prevenção e Controlo da Dor diz que a “dor, em particular a dor crónica, tem impacto na pessoa muito para além do sofrimento que lhe causa, nomeadamente sequelas psicológicas, isolamento, incapacidade e perda de qualidade de vida. Este impacto pode ultrapassar a própria pessoa e envolver a família, cuidadores e amigos”.
Investigador na área da dor e professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, José Castro Lopes salientou também, citando um estudo, que a dor crónica atinge mais as mulheres do que os homens.
“É altura de acabar com o flagelo da dor cónica”, afirmou, sublinhando que as pessoas com esta dor têm complicações laborais, nos relacionamentos pessoais e redução das atividades de lazer.
Os custos diretos e indiretos anuais relacionados com a dor crónica em Portugal ascendem aos 4,5 milhões de euros, revelou ainda o docente.